sábado, 7 de abril de 2012

Projeto quer endurecer punição da Lei Seca


Medida pode reverter o duro golpe sofrido pela campanha de conscientização
A Câmara dos Deputados deve votar na próxima quarta-feira, dia 11, o projeto de endurecimento da chamada Lei Seca, de nº 11.705/08. Entre as mudanças está o valor da multa que deve dobrar,  passando de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Na última quarta-feira, os ministros das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, confirmaram que a votação da reforma da Lei Seca é prioridade tanto do Executivo quanto do Legislativo, e que os dois poderes estão em acordo com a proposta que será colocada em votação na quarta-feira.
O recrudescimento da Lei Seca via mudança na legislação pode reverter o duro golpe sofrido pela campanha de conscientização, de que álcool e direção não dão certo:  No dia 28 de março último, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou  que apenas o bafômetro e o exame de sangue servem como provas robustas dentro do processo criminal.
Maior rigor - O STJ descarta como provas os depoimentos de testemunhas ou sintomas de embriaguez identificados por agente de trânsito. A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) acelerou a discussão do tema no Parlamento, com o apoio do governo em tornar mais rigorosa a lei em vigor.
“Uma das principais vítimas é o pedestre alcoolizado”, afirmou Ana Glória  Melcop, coordenadora de pesquisa do  Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). Ela coordenou estudo feito em seis capitais, apresentado ano passado, que mostrou não ser só do motorista a responsabilidade dos acidentes de trânsito.
A especialista considerou a avaliação do STJ um retrocesso. “Os impactos positivos da lei seca estão aí para as pessoas verem”, disse. O diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues, concorda: “A lei seca acabou. É preocupante a decisão do STJ, quando 54% dos motoristas do País fazem uso do álcool de maneira social ou crônica. O acidente e a morte no trânsito são uma doença epidêmica que o governo brasileiro tem negligenciado”, afirmou.