A cada 15 segundos, uma criança morre de doenças
relacionadas à falta de água potável, de saneamento e de condições de
higiene no mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef). Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no mundo por
problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de
saneamento e à ausência de políticas de higiene, segundo representantes
de outros 28 organismos das Nações Unidas, que integram a ONU-Água.
Para o pediatra e mestre em infectologia pediátrica pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Vigotski, "o
brasileiro deveria tomar menos banhos e lavar mais as mãos". Segundo
ele, a prática contribuiria para evitar doenças como conjuntivites,
gripes e resfriados.
No Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos,
documento que a ONU-Água divulga a cada três anos, os pesquisadores
destacam que quase 10% das doenças registradas ao redor do mundo
poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água,
medidas de higiene e saneamento básico.
Problemas de saúde
As doenças diarreicas poderiam ser praticamente eliminadas se houvesse esse esforço, principalmente nos países em desenvolvimento, segundo o levantamento. Esse tipo de doença, geralmente relacionada à ingestão de água contaminada, mata 1,5 milhão de pessoas anualmente.
As doenças diarreicas poderiam ser praticamente eliminadas se houvesse esse esforço, principalmente nos países em desenvolvimento, segundo o levantamento. Esse tipo de doença, geralmente relacionada à ingestão de água contaminada, mata 1,5 milhão de pessoas anualmente.
O médico brasileiro alerta os pais para os sintomas da
diarreia como boca seca, lábios rachados, confusão mental e diminuição
da urina, além da evacuação mais pastosa ou até mesmo líquida.
“Sobretudo as crianças são as mais afetadas, porque têm um comportamento
que permite o acesso ao agente infeccioso, [quando, por exemplo, põem] a
mão na boca, no chão, e têm menos noção de higiene”, explica. Além
disso, diz o médico, esse grupo pode apresentar o problema com maior
frequência e, quando adoece, tem mais probabilidade de uma complicação
que pode levar à morte.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), a diarreia é a segunda maior causa de morte entre menores de 5
anos de idade. A Pastoral da Criança, que atua nas comunidades mais
pobres do país, confirma as consequências da falta de saneamento básico
para a saúde das pessoas. Nessas áreas os cuidados devem ser redobrados e
os resultados aparecem. Dados de 2012 mostram que de 1,4 milhão de
crianças acompanhadas pela entidade, apenas 5,3% tiveram diarreia.
O gestor de Relações Institucionais da Pastoral da
Criança, Clóvis Boufleur, defende o uso do soro caseiro como medida
simples que faz a diferença para tratar o problema. Ele ressalta que,
apesar de as unidades básicas de saúde distribuírem envelopes do
produto, o domínio da técnica do soro caseiro dá autonomia para a
família até que ela busque auxílio médico.
"O soro caseiro precisa de um punhado de açúcar, uma
pitada de sal e um copo de água. A criança deve tomar aos poucos ao
longo do dia, assim ela vai repor o líquido no organismo". Segundo
Boufler, outra forma de prevenir a diarreia é o hábito de lavar as mãos.
Enquanto não há saneamento básico nas localidades, o
pediatra reforça que os pais devem manter as crianças longe do esgoto e
da água acumulada pelas chuvas e dar prioridade ao consumo de água
potável ou fervida. O pediatra lembra que o aleitamento materno
exclusivo até os 6 meses de vida é outra ação que diminui a chance de a
criança ter complicações por causa da diarreia.