segunda-feira, 17 de junho de 2013

SP: Polícia Militar libera uso de vinagre em manifestações

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Segundo Secretaria de Segurança Pública, nenhum manifestante será detido se portar vinagre nos protestos

Secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, anunciou convite ao Movimento Passe Livre, nesta segunda-feira Foto: Fernando Borges / Terra
Secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, anunciou convite ao Movimento 
 
  • Daniel Fernandes
    Direto de São Paulo


O secretário de segurança de São Paulo, Fernando Grella, e Benedito Roberto Meira, comandante geral da Polícia Militar disseram, na tarde deste domingo, que os manifestantes que estiverem portando vinagre não serão detidos pela PM. Normalmente, o vinagre é usado pelos manifestantes, e também pelos jornalistas que participam da cobertura, para diminuir a sensação de ardor nos olhos e na garganta provocado pelas bombas de gás lacrimogênio.
Eles ainda informaram que pretendem fazer uma reunião, nesta segunda, 10h, com representantes do Movimento Passe Livre (MPL), que é um dos organizadores dos protestos contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo. Segundo Grella, os contatos com membros do MPL serão feitos por telefone.
De acordo com o secretário, um dos objetivos deste encontro é definir um trajeto para a manifestação. A partir daí, a PM irá orientar a população para evitar o trajeto adotado pelos manifestantes, desviar o trânsito e bloquear ruas e avenidas.
"Eles (Movimento Passe Livre) não querem que se repitam os fatos da quinta-feira passada, acreditamos que chegaremos a um acordo e que não haverá a necessidade de usar o Choque (Tropa de Choque)", afirmou o secretário.
Grella não descartou que pontos importantes de São Paulo, como a avenida Paulista ou a marginal Pinheiros, sejam interditados por conta da manifestação, mas afirmou que o governo "fará suas ponderações" ao movimento, para tentar diminuir o impacto no tráfego pela cidade. "O objetivo desse encontro é reduzir o incômodo ao cidadão."
O outro objetivo do encontro, segundo o secretário, é "garantir a manifestação pacífica, sem nenhum conflito". Questionado sobre ações a serem adotadas caso os manifestantes não cumpram o acordo firmado, Grella respondeu apenas acreditar que não haverá desentendimentos.
Segundo Mayara Vivian, intergrante do Movimento Passe Livre, o movimento comparecerá à reunião, mas entende que "a decisão do trajeto do protesto cabe ao povo que vai às ruas, não à Polícia Militar e à Secretaria de Segurança Pública".
Segundo membros do MPL, o movimento não possui líderes e as decisões são tomadas em reunião. Até as 17h50, o Movimento Passe Livre não havia se pronunciado oficialmente sobre o convite. Em nota, o grupo convocou uma coletiva de imprensa para esta segunda-feira, às 9h.
PM nega relatório sobre participação de partidos políticos
O comandante da PM negou que a polícia tenha homens infiltrados entre os manifestantes, e que um relatório da inteligência da corporação tenha sido elaborado. 
Segundo reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo deste domingo, o serviço secreto da Polícia Militar afirma em relatórios sobre as manifestações que os grupos mais violentos não agem de maneira espontânea.
A publicação diz ainda que os documentos apontam que punks que partem para o quebra-quebra são arregimentados por militantes do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) com o objetivo de desgastar o PT, do prefeito Fernando Haddad, e o PSDB, do governador Geraldo Alckmin.
Segundo Meira, não há nenhum relatório deste tipo, e a informação não procede. "A polícia não faz mapeamento de nenhum grupo nas manifestações", disse.
Fotógrafos protestam
Durante a coletiva, fotógrafos entregaram ao secretário de Segurança uma carta, assinada pela Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo (ARFOC-SP) em protesto à ação violenta da polícia na quinta-feira com profissionais da imprensa, em que pedem a apuração de possíveis excessos cometidos.
Associação entrega carta ao secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, cobrando a apuração de excessos na ação policial Foto: Fernando Borges / Terra
Associação entrega carta ao secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, cobrando a apuração de excessos na ação policial
Foto: Fernando Borges / Terra
Eles também afirmaram que se identificarão com coletes, para facilitar o reconhecimento por parte dos policiais militares durante a ação. Segundo o presidente da associação, Inácio Teixeira, detalhes sobre a identificação dos profissionais serão entregues na manhã desta segunda-feira à Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Cenas de guerra nos protestos em SP
A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.
Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.
Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, o protesto foi marcado pela repressão e pelo abuso da ação policial. A passeata, que começou pacífica - com jovens cantando, carregando cartazes e distribuindo flores para a população -, terminou com cenas de guerra em diversas ruas do centro.
As primeiras bombas de gás lacrimogênio lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam até por quase até meia-noite. Enquanto os policiais atacavam com bombas e tiros de bala de borracha, os manifestantes respondiam com pedras e rojões.