terça-feira, 14 de outubro de 2014

Jovem é agredida em ponto de ônibus em Brotas por ter 'cara de sapatão'


 

 

A garota recebeu socos, pontapés e bateu a cabeça contra o chão. Ela relatou que temeu ser estuprada durante o ataque e afirmou ter ficado deitada para evitar passar mal
 
 
Uma jovem de 19 anos foi agredida em um ponto de ônibus no bairro de Brotas por ter "cara de sapatão". O caso foi na última quarta-feira e a vítima o relatou para o jornal Extra. Procurada pelo Correio24horas, a jovem afirmou que não gostaria de dar entrevista. 
"Quando ele me forçou no muro e me deu um tapa, disse que era pra eu deixar de ser abusada e responder quando um homem falar comigo, porque ‘gente da minha raça é a escória desse país e tinha que ser eliminada’", relatou a jovem, que estava sozinha no ponto de ônibus com o agressor. 
"Ele veio assediando, com um tom de ameaça de estupro, que ia “me arregaçar inteira”, mas até aí achei que era só misoginia. Então ele me chamou de sapata nojenta e disse que eu ia apanhar muito por causa dessa “cara asquerosa de sapatão”. Disse que “essa merda se resolve em um mês, amarrando e f* todo dia", detalhou.
A garota recebeu socos, pontapés e bateu a cabeça contra o chão. Ela relatou que temeu ser estuprada durante o ataque e afirmou ter ficado deitada para evitar passar mal. O rosto da vítima ficou com um grande hematoma roxo. Ela também ficou com muita dor de cabeça depois do ataque. "Durante a semana, eu fiquei um pouco confusa e errando coisas muito simples, mas pode ser só pelo stress e pode passar com o tempo. Ainda não tive o resultado do neurologista", explica.
Agressões
Aos 15 anos, a jovem já havia sofrido uma agressão similar ao andar de mãos dadas com a namorada. Há 5 anos ela pratica muay thai para conseguir se defender. "Eu fui fazer (a ocorrência) porque um amigo me pediu muito, pra marcar nas estatísticas. Acho que não vai dar em nada. Não tenho muita esperança. Não foi só por não ser hetero, foi por ser mulher".
Apesar do relato da jovem, a assessoria da Polícia Civil informou que não encontrou o registro de ocorrência do caso. Ela chegou a postar um desabafo sobre o caso com uma foto do rosto machucado, mas apagou depois. "Por postura pessoal minha, prefiro enterrar e seguir. O post é obviamente sobre lesbofobia, mas meu interesse nele é lembrar que mulheres são agredidas dentro de casa e isso passa batido. Dêem essa atenção que tão me dando à elas", postou a estudante.
De acordo com o Grupo Gay da Bahia, 313 homosexuais, transexuais e travestis foram mortos em todo o país, por causa da homofobia. Em 214, a entidade já registrou 218 mortes até o mês de setembro.