Para delegado, prefeito de Lagoa do Sítio desconfiava de que era traído.
Empregada tinha caso com prefeito e tem participação, segundo a polícia.
A Polícia Civil do estado do Piauí disse nesta quarta-feira (11) que
José de Arimatéia, conhecido como Zé Simão (PT), prefeito de Lagoa do Sítio,
a 240 km de Teresina, é o autor do tiro que matou a primeira-dama
Gercineide Monteiro, de 34 anos, crime ocorrido na madrugada da
terça-feira (10). Segundo a polícia, a empregada do casal, Noêmia Maria
da Silva, de 46 anos, tinha um caso com o gestor e também tem
participação no assassinato. Os dois serão investigados por homicídio
duplamente qualificado pelos seguintes agravantes: vítima indefesa e
motivo fútil.
Os suspeitos estão presos: José de Arimatéa na Delegacia de Polícia
Interestadual (Polinter) e Noêmia na Penitenciária Feminina, ambos em Teresina.
Os dois negam a autoria do crime e não foram indiciados pela Polícia
Civil, que tem 30 dias para finalizar o inquérito. Caso sejam condenados
pelo o homicídio, podem pegar até 30 anos de prisão. O advogado do
prefeito, Lucas Villa, disse que está trabalhando na defesa de seu
cliente e que não vai se pronunciar sobre o caso por enquanto. Noêmia
Maria ainda não constituiu advogado para sua defesa.
Segundo a polícia, o prefeito matou a mulher por ciúmes, ao suspeitar
que era traído. As investigações mostram também que a empregada
doméstica do casal Noêmia Maria participou do homicídio ao esconder a
arma do crime.
O delegado Willame Moraes, gerente de polícia do interior, foi um dos
primeiros a chegar ao local do crime quando o corpo foi encontrado, às
8h da terça-feira. Vizinhos acionaram a polícia depois que o prefeito
anunciou que sua mulher havia sido assassinada.
Para a polícia, José de Arimatéia tinha muito ciúme da mulher e a matou
com um tiro no ouvido quando ela estava dormindo. "É curioso porque ele
não disse que ela estava morta, mas que havia sido assassinada. Ele
gritava que haviam matado Gercineide, mas o corpo não apresentava sinais
de violência porque ela foi morta com um tiro no ouvido enquanto
dormia. Quando chegamos, estranhamos também porque ele não acionou
atendimento médico quando encontrou a mulher morta", disse o delegado.
Contradições
Ainda segundo Willame Moraes, as mentiras que o prefeito contou em depoimento foram fundamentais para comprovar a autoria do crime. Segundo o delegado, José de Arimatéia mentiu sobre o último momento em que falou com a mulher e sobre ter mantido relações sexuais com Gercineide no dia anterior.
Ainda segundo Willame Moraes, as mentiras que o prefeito contou em depoimento foram fundamentais para comprovar a autoria do crime. Segundo o delegado, José de Arimatéia mentiu sobre o último momento em que falou com a mulher e sobre ter mantido relações sexuais com Gercineide no dia anterior.
Primeira-dama foi encontrada morta na cama
do casal (Foto: Sérgio Alves/Arquivo Pessoal)
do casal (Foto: Sérgio Alves/Arquivo Pessoal)
“Na tentativa de convencer a polícia de que o casamento dos dois não
tinha problemas, o prefeito disse que fez sexo com ela no dia anterior
ao da morte. Mas a perícia confirmou que não havia qualquer sinal de
relações sexuais recentes no corpo da primeira-dama”, declarou o
delegado.
Willame Moraes informou ainda que o prefeito declarou em depoimento ter
acordado Gercineide às 5h da manhã da terça-feira (10) para perguntar
onde estava a chave do seu carro.
Segundo o delegado, o prefeito disse que em seguida saiu para o sítio
do casal, localizado a 20 minutos da residência onde moravam, deixando
Gercineide em casa.
“Isso é impossível de ter acontecido porque os exames da perícia
comprovam que ela já estava morta no início da madrugada, por volta de
1h. Às 5h da manhã ela já estava morta, ele não poderia ter falado com
ela a essa hora”, disse.
Arma do crime foi encontrada escondida entre o
telhado e o forro da casa (Foto: Catarina Costa/G1)
telhado e o forro da casa (Foto: Catarina Costa/G1)
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CúmpliceO delegado Willame Moraes também afirmou que a empregada do casal mantinha um caso com o prefeito e o ajudou no crime escondendo a arma usada no assassinato – um revólver calibre 38 com apenas um disparo deflagrado.
Segundo a polícia, a relação entre Noêmia Maria e José de Arimatéia já durava dois anos e o prefeito teria dito a empregada que queria se separar de Gercineide para ficar com ela.
Noêmia Maria disse em depoimento que chegou à residência do prefeito às 5h30 da manhã de terça e que José de Arimatéia a entregou a arma do crime, contando que havia matado Gercineide e que a empregada deveria esconder o revólver.
Noêmia enrolou o revólver em uma toalha e escondeu entre o forro e o teto de um dos cômodos da casa. Ela revelou à polícia onde estava a arma quando o prefeito tentou acusá-la de ser a autora do crime.
Polícia diz que empregada escondeu a arma
usada no crime (Foto: Gustavo Almeida/G1)
“Quando constatamos que a mulher havia sido morta, percebemos também
que havia sido alguém de dentro da casa. O prefeito foi levado para ser
interrogado e negou desde o primeiro momento, mas não temos mais dúvidas
de que ele é o autor", disse o delegado.
Segundo ele, o prefeito revelou ter um caso com a empregada da casa
para poder incriminá-la. Assim que a polícia chegou à casa e a
interrogou, Noêmia entregou a arma e contou o que havia acontecido. De
acordo com delegado, com o depoimento de testemunhas a polícia confirmou
também que a empregada chegou à casa somente às 5h30, quando a vítima
já estava morta.
Gercineide e o marido eram casados há 14 anos e tinham dois filhos, um
de 12 e um de 6 anos de idade. As crianças estão com a família da
vítima, que está completamente transtornada com a morte da mulher.
Gercineide era a caçula de cinco irmãos e a família nunca suspeitou que o
marido e ela tinham desentendimentos que pudessem levar a um desfecho
tão trágico. Seu corpo foi velado e será enterrado ainda nesta
quarta-feira (11), em Lagoa do Sítio