terça-feira, 13 de setembro de 2016

Oito em cada dez bebês com danos do zika nascem de mães negras

Oito de cada dez bebês nascidos com microcefalia e outras alterações cerebrais ligadas ao vírus da zikaoutras alterações cerebrais ligadas ao vírus da zika são filhos de mulheres negras (pretas e pardas, pela nomenclatura oficial), de acordo com dados do Ministério da Saúde. No Nordeste, região com maior incidência, o percentual mais alto é do Ceará –93,9% das mães de bebês com má­formação ligada ao zika são negras. Pelo Censo 2010 do IBGE, pretos e pardos somam 66,4% da população do Estado. No país, representam pouco mais de metade. Os números foram obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação e se referem a 44,2% das 8.703 notificações feitas pelos Estados ao governo federal até 23 de julho –na maioria, o quesito cor/raça não foi preenchido. Essa subnotificação desrespeita tanto o Estatuto da Igualdade Racial quanto a portaria 992 do Ministério da Saúde, que determinam a coleta e análise de dados desagregados por raça, cor e etnia. Estado com mais casos de microcefalia, Pernambuco é também o que mais falhou em fornecer dados sobre raça e cor: apenas três notificações, segundo o ministério.