O déficit primário é o resultado negativo das contas do governo sem considerar os gastos com juros da dívida pública.
Agência Brasil - O governo federal poderá cortar gastos e aumentar
impostos, se for preciso, para conseguir cumprir a meta de déficit
primário de R$ 139 bilhões para este ano. A afirmação é do ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista coletiva, após participar de
reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, hoje (7), em
Brasília.
O déficit primário é o resultado negativo das contas do governo sem considerar os gastos com juros da dívida pública.
“Nosso compromisso é cumprir a meta de 2017 e faremos o que for
necessário, seja contingenciar despesas e, no limite, aumentar
impostos”, disse. Meirelles descartou a possibilidade de alterar a meta
deste ano. “Mantemos a meta e o compromisso com o resultado primário de
2017”, enfatizou.
De acordo com o ministro da Fazenda, se a tendência de anos anteriores
fosse mantida, o déficit primário chegaria a R$ 280 bilhões em 2017.
Meirelles disse ainda que a queda da economia no ano passado gerou
impacto na arrecadação de tributos e, mesmo assim, o governo conseguiu
entregar resultado melhor do que o previsto.
Em 2016, apesar da ajuda do programa de regularização de recursos no
exterior, a chamada repatriação, o governo acusou o pior déficit
primário da história, de R$ 154,255 bilhões. O resultado ficou abaixo da
meta para o ano que era de R$ 170,5 bilhões.
Crescimento da economia
O ministro disse que a queda da economia em 2016 é a pior crise que o
Brasil já viveu, gerada por queda da confiança e “crescimento muito
grande do tamanho do governo”. Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a
soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 3,6% em 2016.
“Isso não foi construído em pouco tempo. Foi-se construindo em anos em que a economia perdeu o grau de confiança”, destacou.
Ele disse ainda que as reformas em andamento no Brasil, como a que
definiu limite de gastos públicos, do ensino médio, da Previdência e
trabalhista já começam a “fazer efeito na economia”.
Segundo o ministro da Fazenda, o endividamento das empresas diminuiu no
segundo semestre do ano passado, o que permitirá a volta dos
investimentos e o crescimento. Ele citou ainda que as famílias também
estão reduzindo o endividamento.
Meirelles afirmou que, depois da recessão, o crescimento deste ano pode
parecer pequeno. Isso porque para calcular o PIB deste ano será feita a
comparação com a média de 2016. Mas, segundo o ministro, a tendência é
que, ao longo dos meses, a economia vá crescendo. Ela deve encerrar o
quarto trimestre com expansão de 2,4% (na comparação com o mesmo período
de 2016).
Outro dado que o ministrou usou para argumentar sobre a perspectiva de
crescimento foi o PIB anualizado. Ou seja, se o crescimento do quarto
trimestre em relação ao terceiro se repetisse durante todo o ano, a
expansão do PIB seria de 3,2%. “Isso mostra que o crescimento vai
acelerando durante o decorrer do ano. Começa devagar e termina o ano em
ritmo de 3,2%”, disse.
“A economia de um país é como um transatlântico. Ela muda de direção vagarosamente”, destacou.
O ministro disse que ainda não tem a projeção para o crescimento do PIB
em todo o ano de 2017. Para 2018, o ministro disse que o crescimento
pode ficar acima de 3%, mas essa ainda não é uma projeção definida. A
projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB este ano é
0,49%.
Ele acrescentou que o governo quer aumentar o potencial de crescimento
do país sem gerar inflação. Esse potencial está em torno de 2,2% e 2,5%,
segundo o ministro. A ideia é ampliar o potencial por meio de reformas,
da redução da burocracia, das concessões como de ferrovias, e
diminuição do custo do crédito
O ministro disse que vai discutir hoje sobre critérios de definição da
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em uma reunião com o ministro do
Planejamento, Dyogo de Oliveira, o presidente do Banco Central, Ilan
Goldfajn, e a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques. A TJLP é definida pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN) a cada três meses e serve referência
para empréstimos do BNDES.
Meirelles descartou que na reunião será discutida a devolução adicional
de recursos do BNDES ao Tesouro. Segundo ele, será debatido como o BNDES
vai aplicar os recursos disponíveis para estimular a retomada dos
investimentos no país.