quarta-feira, 8 de março de 2017

Meirelles: governo pode cortar gastos e aumentar impostos, se for necessário

O déficit primário é o resultado negativo das contas do governo sem considerar os gastos com juros da dívida pública.
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Meirelles: governo pode cortar gastos e aumentar impostos, se for necessário
Foto: Marcos Correa/PR

Agência Brasil - O governo federal poderá cortar gastos e aumentar impostos, se for preciso, para conseguir cumprir a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões para este ano. A afirmação é do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista coletiva, após participar de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, hoje (7), em Brasília.
O déficit primário é o resultado negativo das contas do governo sem considerar os gastos com juros da dívida pública.
“Nosso compromisso é cumprir a meta de 2017 e faremos o que for necessário, seja contingenciar despesas e, no limite, aumentar impostos”, disse. Meirelles descartou a possibilidade de alterar a meta deste ano. “Mantemos a meta e o compromisso com o resultado primário de 2017”, enfatizou.
De acordo com o ministro da Fazenda, se a tendência de anos anteriores fosse mantida, o déficit primário chegaria a R$ 280 bilhões em 2017.
Meirelles disse ainda que a queda da economia no ano passado gerou impacto na arrecadação de tributos e, mesmo assim, o governo conseguiu entregar resultado melhor do que o previsto.
Em 2016, apesar da ajuda do programa de regularização de recursos no exterior, a chamada repatriação, o governo acusou o pior déficit primário da história, de R$ 154,255 bilhões. O resultado ficou abaixo da meta para o ano que era de R$ 170,5 bilhões.
Crescimento da economia
O ministro disse que a queda da economia em 2016 é a pior crise que o Brasil já viveu, gerada por queda da confiança e “crescimento muito grande do tamanho do governo”. Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 3,6% em 2016.
“Isso não foi construído em pouco tempo. Foi-se construindo em anos em que a economia perdeu o grau de confiança”, destacou.
Ele disse ainda que as reformas em andamento no Brasil, como a que definiu limite de gastos públicos, do ensino médio, da Previdência e trabalhista já começam a “fazer efeito na economia”.
Segundo o ministro da Fazenda, o endividamento das empresas diminuiu no segundo semestre do ano passado, o que permitirá a volta dos investimentos e o crescimento. Ele citou ainda que as famílias também estão reduzindo o endividamento.
Meirelles afirmou que, depois da recessão, o crescimento deste ano pode parecer pequeno. Isso porque para calcular o PIB deste ano será feita a comparação com a média de 2016. Mas, segundo o ministro, a tendência é que, ao longo dos meses, a economia vá crescendo. Ela deve encerrar o quarto trimestre com expansão de 2,4% (na comparação com o mesmo período de 2016).
Outro dado que o ministrou usou para argumentar sobre a perspectiva de crescimento foi o PIB anualizado. Ou seja, se o crescimento do quarto trimestre em relação ao terceiro se repetisse durante todo o ano, a expansão do PIB seria de 3,2%. “Isso mostra que o crescimento vai acelerando durante o decorrer do ano. Começa devagar e termina o ano em ritmo de 3,2%”, disse.
“A economia de um país é como um transatlântico. Ela muda de direção vagarosamente”, destacou.
O ministro disse que ainda não tem a projeção para o crescimento do PIB em todo o ano de 2017. Para 2018, o ministro disse que o crescimento pode ficar acima de 3%, mas essa ainda não é uma projeção definida. A projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB este ano é 0,49%.
Ele acrescentou que o governo quer aumentar o potencial de crescimento do país sem gerar inflação. Esse potencial está em torno de 2,2% e 2,5%, segundo o ministro. A ideia é ampliar o potencial por meio de reformas, da redução da burocracia, das concessões como de ferrovias, e diminuição do custo do crédito

O ministro disse que vai discutir hoje sobre critérios de definição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em uma reunião com o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques. A TJLP é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) a cada três meses e serve referência para empréstimos do BNDES.
Meirelles descartou que na reunião será discutida a devolução adicional de recursos do BNDES ao Tesouro. Segundo ele, será debatido como o BNDES vai aplicar os recursos disponíveis para estimular a retomada dos investimentos no país.