domingo, 25 de junho de 2017

Quase 30% dos gastos em saúde privada no Brasil são desperdícios, diz entidade



Quase 30% dos gastos em saúde privada no Brasil são desperdícios, diz entidadeQuase 30% dos gastos em saúde privada no Brasil são desperdícios, diz a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz. De acordo com a entidade, as despesas assistenciais dos planos médico-hospitalares subiram mais que as receitas das operadoras, com expansão dos procedimentos e um número menor de consumidores, tanto em 2016 como em 2015, uma tendência que vem ocorrendo nos últimos dez anos. Os desperdícios estariam atrelados ao crescimento de exames complementares por pessoa, como tomografia computadorizada (21%) e ressonância magnética (25,2%) entre 2015 e 2016. “Dentre as razões para esse salto, podem estar a má formação médica e incentivos financeiros de hospitais, médicos e laboratórios que, na maioria das vezes, são remunerados por procedimentos prescritos, o modelo conhecido como 'fee for service' [pagamento por procedimento]”, explicou. Já o diretor executivo da FenaSaúde, José Cechin, afirmou que nos Estados Unidos, por exemplo, a perda mínima de desperdícios seria 20%, o que corresponderia a US$ 600 bilhões, em 2016. Se esse percentual prevalecesse no Brasil, o desperdício de 20% em uma despesa total de cerca de R$ 140 bilhões significaria R$ 28 bilhões. “É um volume expressivo”. Ele diz que, no Brasil, são realizados entre 150 e 160 procedimentos de ressonância magnética e tomografia computadorizada para cada mil pessoas, enquanto nos países ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média são 60 exames desse tipo por mil pessoas. Ele questiona se “nós estamos fazendo o número necessário desses exames ou se estamos simplesmente fazendo com que os tomógrafos instalados sejam utilizados intensamente”. No país, atualmente, quase 70 milhões de pessoas usam a saúde suplementar, sendo 47,3 milhões de assistência médica e 22,5 milhões de planos exclusivamente odontológicos. Para o diretor da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Jorge Darze, a opinião da presidente da FenaSaúde é leviana. “Não tem parâmetro científico que possa documentar”. A Fenam já se posicionou por diversas vezes contrária à abertura de novas escolas no país sem critérios que possam assegurar a qualidade desses novos profissionais médicos.