quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jovens de classe média roubavam casas em condomínio de luxo



Polícia apresentou os quatro detidos e diversos objetos subtraídos das casas no Encontro das Águas
Sem antecedentes criminais, padrão de vida elevado, diversas tatuagens pelo corpo e bem vestidos, quatro jovens de classe média foram apresentados, na manhã de quarta-feira, 25, na sede da Polícia Civil, sob suspeita de formar uma quadrilha responsável por sete assaltos a residências de luxo no Condomínio Encontro das Águas, localizado na cidade de Lauro de Freitas (Grande Salvador).
O grupo era investigado desde outubro passado, segundo a polícia, época em que José Rafael Bahia Fortes, morador do condomínio, teria facilitado a entrada dos outros envolvidos nos crimes (Rafael Brandão dos Santos, o Rafaelzinho, Marcos Felipe de Jesus, o Lacerda, e Igor dos Santos Lobo),  para realizar o primeiro da série de saques.
Os jovens, estudantes na faixa etária de 19 a 22 anos, foram presos na terça, 24, nos bairros de Itapuã e Ribeira, após a Justiça expedir quatro mandados de busca e apreensão e de prisão, com autorização para os agentes da 34ª Delegacia Territorial (Portão) realizarem as detenções temporárias, com efeito de cinco dias, prorrogáveis por igual período.
O delegado Cláudio Meirelles, titular da 34ª DT, disse que eles agiam, geralmente, no final da tarde das sextas-feiras, durante a troca de turno dos vigilantes do condomínio, quando boa parte das residências estava vazia, momento em que, segundo a polícia, a cobertura de segurança da área tornava-se vulnerável.
“Por ser privado, o condomínio possui o próprio sistema de vigilantes, que trabalham desarmados”, afirmou Meirelles, durante entrevista na manhã de quarta. “Eles  aproveitavam falha e vulnerabilidade da segurança”, completou, em menção aos possíveis acessos pelos rios Joanes e Ipitanga, situados aos fundos do condomínio, além de uma portaria alternativa.
Modus operandi - Segundo a delegada adjunta da 34ª DT, Maria Daniele Souza, eles utilizariam nas ações veículos tomados de assalto na porta de boates e casas noturnas da capital. “Por morar no condomínio desde criança, José Rafael entrava e saía pela portaria da frente, com os carros cheios de produtos do roubo”, ela detalhou,  acrescentando que o grupo possuía revólveres calibre 38 e uma pistola Glock.
Entre a variedade de produtos apresentados pela polícia, havia  joias cunhadas em ouro, brilhantes, diversos quadros, duas TVs de LCD, aparelhos eletroeletrônicos, como notebook e tablet, três perfumes importados, quatro garrafas de whisky importado,  roupas de grife e duas bolsas de couro.
Segundo a delegada, José Rafael revelou que o grupo vendia os produtos roubados, repartia o dinheiro e, depois, gastava tudo com farras e noitadas nas boates da capital.
“Em depoimento, sem o menor constrangimento, ele chegou a dizer que já gastou cerca de R$ 15 mil em apenas uma noite”, disse a delegada, espantada.
Silêncio - Embora tenham demonstrado comportamento jocoso diante da imprensa, sorrindo e fazendo gestos (apenas Igor permaneceu mais tenso, tentando esconder o rosto), os suspeitos disseram poucas palavras em defesa própria.
Por outro lado, nos perfis da rede social Facebook, aparentam ser bem comunicativos com amigos que aparecem em fotos. Igor, por exemplo, posa ao lado de garotas em casas com piscinas, bares e ao lado de amigos da torcida organizada Bamor.
Rafael Brandão postou fotografia com um grupo de jiu-jitsu, ao lado de um cartaz com os dizeres: “Lutando pela saúde moral”. Na quarta, sobre a participação nos assaltos, ele se limitou a perguntar: “Que roubo de carros?”.
Um familiar de José Rafael Bahia Fortes afirmou, por telefone, ontem à tarde, que
“a família não o apoia e está triste com a postura dele. Ele vai pagar pelo que fez. E ponto final”, resumiu o familiar